40 Anos de Educação Física

Memorial: Benedito Pedro Dorileo

Obstinação era a causa e o devaneio da esperança para dar forma à Universidade Federal no cerrado de Coxipó da Ponte. A faina exigia imaginação do caboclo desconfiado de tanto abandono do Centro-Oeste. A ele pouco interessava, na época, se o poder da República constituía-se em regime de exceção política. Idealista das ilusões factíveis, somente lhe interessava concretizar o sonho em realidade.

Queria fazer, apressadamente, antes de possível não peremptório, desistência, ou mudança de rumo – como ocorreu com a estrada de ferro. Fazer já, estender o fazejamento, despreocupado com debate ideológico, sem mala nem cuia – somente a alma resoluta para construir e transmitir a herança. Assim nascia a UFMT colhendo a erva benfazeja do campo, sabendo que nasceria a natural urtiga.

Da gestão inaugural, arremessavam-se projetos utópicos que não se estiolavam, pois atingiam terrenos férteis a vicejar formas estruturais físicas e acadêmicas. Tudo fora cotejado, nada escapou das bases estabelecidas no ensino, na pesquisa e na extensão. Nesse entrevero criador, o esporte também foi cogitado. A obrigatoriedade legal da prática da educação física no ensino fundamental até no superior encontrou guarida com a construção de um dos maiores ginásios cobertos universitários do país, naquele tempo. Imaginou-se logo uma Divisão de Educação Física, Desportos e Recreação – suporte instrumentador do curso respectivo de graduação. Vindo do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá, João Batista Jaudy, um dos docentes fundadores, assumiu a direção desse órgão suplementar.

Com o professor Batista, redigimos o projeto que se consolidou a partir de 1972, nos primeiros dias da UFMT. Foi toque de mágica em suas mãos, criando e liderando. Logo o ginásio de esportes, quadras descobertas incipientes, parque aquático, pistas improvisadas de atletismo estavam ocupadas, com estuante entusiasmo. Dispara o futebol de campo, chegando, em 1979, com o primeiro torneio de confraternização, reunindo 8 equipes. Sucederam-se Colônia de Férias para crianças, iniciação físico-recreativas e artísticas, com conteúdo de sociabilidade, educação sanitária e estímulos cívicos.

Chegamos em 1980, otimizando recursos para desenvolver crescentes atividades, ao encerrar handebol, ginástica orgânica, ciclismo, jogos diversos como xadrez e tênis de mesa. Batista com companheiros aliados em seu caminho compuseram grupos de trabalho para alcançar alta conquista na criação de federações de: voleibol, basquetebol, atletismo, natação, futebol de salão, handebol. Caminha mais ao criar a Federação Mato-Grossense de Esportes Universitários, a FMEU, e a Associação Atlética Uirapuru. Avança sinais imaginativos com o Unicuia – jogos de integração da Universidade com a comunidade, e o Muxirum Cuiabano; e determina a criação do Grêmio Recreativo e Esportivo Mocidade Independente Universitária, com a explosão carnavalesca. Sacode a memória para admirar tamanho poder criativo em uma universidade sob organização, acionando invejável extensão. Batista foi exemplo de fazejador.

Nominar obra física é obrigação social, desde que distante do veneno da politicagem, principalmente na Casa do passeio de todos os pensamentos. Dar nome representa individualizar valor, diferençar personalidade, sobrelevar homem-luzeiro.

A comunidade universitária, através da Faculdade de Educação Física e de sua congregação, professores, técnicos e estudantes, em composição com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência têm a missão de escolher o nome para encimar o Complexo Esportivo e o Centro Oficial de Treinamento – o COT da UFMT. Ressonâncias apontam o nome do professor João Batista Jaudy. Aqui não se propõe, apenas se exalta uma realidade, almejando a conclusão tão retardada do COT. São tempos propícios, como neste 2016, quando se celebram os 40 anos de criação do curso de Educação Física, em 30 de agosto de 1976, através da Resolução nº CD 44/76, em nosso Conselho Diretor, com 20 vagas; e antevendo ainda, o jubileu dos 300 anos de Cuiabá, em 2019. Não se trata de simples nominação, todavia de ato pedagógico para imprimir o selo da idealidade e da coragem do professor Batista, a resultar o exemplo para expansão da Educação Física na universidade e na comunidade. E, neste primeiro dia de setembro, é data do profissional de Educação Física.

 

 

-2016-

Memorial: Benedito Pedro Dorileo

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